terça-feira, 28 de setembro de 2010

ROMANOS 8

O capítulo 8 de Romanos é o ponto alto da epístola. Os capítulos anteriores preparam pra ele, e os restantes, que tratam da conduta do cristão, usam-no como alicerce. Como este capítulo trata da vida no espírito, os capítulos que se seguem, e que tratam da conduta, pressupõem que o cristão é capaz de viver em santidade, não mais por causa da lei, mas por causa do Espírito que nele habita.
O capítulo começa afirmando que, se estamos em Cristo, já não há mais condenação pra nós. Estamos livres, por causa de Cristo! Os versos 3 e 4 explicam que aquilo que a lei não foi capaz de fazer (produzir justificação e vida), Cristo fez, ao viver uma vida semelhante à nossa, mas sem pecado, e ser oferecido como oferta por nosso pecado. Em Cristo, podemos ser livres daquela contradição que Paulo mostra no final do capítulo 7, e da nossa escravidão ao pecado.
A partir daqui, Paulo faz o contraste (vs 5-8) entre a vida na carne (na força humana, sem a dependência de Deus) e a vida no espírito (aquela que é vivida na dependência do Deus que vive em nós).
Viver segundo a carne é colocar a mente no que a carne deseja; viver no espírito é colocar a mente no que o Espírito deseja. A mentalidade da carne é inimiga de Deus e produz morte, enquanto a mentalidade do Espírito produz vida e paz. Quem vive na carne não pode agradar a Deus. Lendo Rm 8:8 junto com Hb 11:6, aprendemos que um dos aspectos da carnalidade é a incredulidade. É viver preso ao mundo dos sentidos, é não dar crédito ao que Deus diz, e ao que o Espírito Santo nos guia. Veja uma descrição de Paulo sobre o andar por fé em II Co 5:7.
Paulo explica que estar sob o domínio do Espírito é a condição para ser de Cristo e também a chave para viver por Ele. Na verdade, é o Espírito quem garante que somos de Cristo (v. 9); ele é a garantia de que seremos ressuscitados e transformados (v.11); é pelo Espírito que vencemos os desejos pecaminosos de nosso corpo (v.13); é o Espírito quem nos guia em nosso relacionamento com Deus (v.14); é o Espírito que nos assegura que somos filhos de Deus, e herdeiros dele, e nos dá a intimidade de viver sem medo, e chamá-lo de Aba (vs. 15-17); e pulando alguns versículos, é também o Espírito de Cristo quem nos capacita a orar (v. 26)!
Os versos 18 a 25 mostram que não é apenas a humanidade que sofre com o cativeiro imposto pelo pecado, mas toda a criação. A criação geme, aguardando que nós, os filhos de Deus, sejamos revelados. Isto se aplica literalmente ao momento de nossa ressurreição, mas podemos também imaginar o quanto o mundo precisa que nós, os filhos de Deus, vivamos a vida que o Filho Jesus viveu.
A partir do verso 28, Paulo enumera as maravilhas decorrentes do fato de sermos filhos de Deus. Este é o ápice do capítulo, e provavelmente de toda a Bíblia. Mas começa com um dos versos mais citados, e mais mal interpretados de toda a Bíblia. É comum as pessoas, diante de qualquer situação, “citarem” Rm 8:28 mais ou menos assim: “bem, irmão, tudo coopera”. Espera aí! A condição para que tudo coopere para o seu bem é que você seja um dos que foram chamados segundo o propósito do Senhor, e tenha respondido a este chamado, tornando-se um dos que o amam!
Junto com Rm 8:28, temos também o verso 37, como um dos campeões de citações distorcidas. As pessoas costumam citar Rm 8:37 pra se autodeclararem como mais que vencedoras, geralmente nas áreas que as interessam, como vida profissional, finanças etc, desejando uma vida sem problemas. Mas note que Paulo diz que somos mais que vencedores “em todas estas coisas”. Que coisas? As dos versículos 35 e 36! Antes de concluir, quero mostrar mais um texto que é muito distorcido: Fp 4:13. Tudo posso naquele que me fortalece não significa que serei sempre o número 1, o que está por cima, o que não tem problemas, nem muito menos que posso fazer o quiser. Significa que posso passar por tudo que está em Fp 4:12!
Voltando a Rm 8, o verso 29 afirma que fomos chamados para sermos semelhantes a Jesus! Sermos conformes à sua imagem, significa tomarmos a forma dele, sermos como ele. Esta é a razão de tudo que vivemos, de tudo que Deus está fazendo em nós: ele deseja que sejamos como seu filho!
Terminaremos lendo os versos 38 e 39, a maior declaração de amor que Deus poderia fazer a nós: nem a morte, nem a vida, nem anjos ou demônios, nem o que vivemos hoje, nem o ainda virá, nem qualquer poder ou coisa na criação poderá nos separar do amor dele, em Cristo! Que segurança temos! Nenhum relacionamento, nada nem ninguém pode ser tão estável e seguro!

Pr.Onésimo Ferraz

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