terça-feira, 19 de outubro de 2010

ROMANOS 9 A 11

Este é um dos trechos mais complexos de toda a Bíblia.
O capítulo 9, se mal interpretado, se lido superficialmente, e tirado de seu contexto, pode levar alguém a acreditar que Deus arbitrariamente escolhe alguns pra serem salvos e outros para se perderem.
Paulo começa dizendo que se fosse possível, ele até abriria mão de sua salvação para salvar o povo de Israel. Somente ele e Moisés expressam este tipo de amor a seu povo em toda a Bíblia, além de Cristo, é claro (Ex 32:32). Mas Paulo mostra afinal que Israel perdeu o propósito de Deus porque rejeitou o Messias, Cristo, e confiou em suas obras, na prática da lei, para serem aceitos por Deus (9:30-33). Este é o tema da carta, a justificação pela fé versus a justiça da lei. Portanto, fica claro que, embora Deus faça escolhas em seus propósitos para com a humanidade (por exemplo, Ele escolheu Israel como seu povo no AT) porque Ele é soberano, e não tem que explicar nada a ninguém, mas também fica claro que as escolhas de cada indivíduo, e de cada nação, é que determinam de fato seu relacionamento com o Senhor (10:3).
Uma coisa precisa ficar claro: Paulo demonstra em Romanos que toda a humanidade (judeus e gentios) é pecadora, e portanto, merecedora da ira de Deus. Ao mostrar misericórdia a alguém, Deus está dando algo não merecido, e isto é prerrogativa dele. Não mostrar misericórdia a alguém é simplesmente deixar este alguém em sua condição natural, não é injustiça da parte de Deus.
No capítulo 10:1-2, Paulo mostra como orava e desejava a salvação de seu povo, que tinha zelo por Deus, mas de forma errada. Ora, o próprio Paulo no passado fora assim, zeloso da maneira errada. Esta é uma lição importante pra nós, que pertencemos a um povo que também é bastante religioso, zeloso das coisas espirituais, mas de formas tão erradas! Será que amamos e oramos por nossa nação como Paulo fazia pela sua?
No capítulo 10, versos 9 e 10 encontramos a fórmula da salvação: crer e confessar o Cristo ressuscitado como Senhor!
Os belos versos 14 e 15 enfatizam a necessidade de pregarmos o evangelho, de dar a oportunidade a todos para que nele creiam. Entretanto, Paulo alerta para o fato de que nem todos crerão, assim como Israel não creu, e mais uma vez justifica porque eles foram rejeitados por Deus: por causa de sua incredulidade (vs. 16 e 21). Entretanto, o apóstolo deixa claro que nem todos foram rejeitados, apenas os que não creram (11:1-6); e mais, Paulo explica que o fato de os judeus rejeitarem o Evangelho abriu a oportunidade pra nós, gentios, o conhecermos, e mostra que nossa salvação está baseada nas promessas feitas a eles, como se eles fossem a raiz de uma planta, e nós, ramos que foram enxertados (17-24). Esta analogia deixa claro também que nós, os que cremos, se não permanecermos na bondade do Senhor, também seremos cortados, assim como os que foram cortados, se abandonarem a incredulidade, podem ser enxertados novamente. Mais uma vez se confirma que a escolha do homem é que determina seu destino, já que o propósito de Deus pra todos é o que está em 11:32. Em Atos vemos como Paulo começou seu ministério priorizando os judeus, mas estes, de modo geral, rejeitaram o Evangelho. Então o apóstolo voltou-se para os gentios (At 18:6 / 28:28).
É interessante observar que em 11:12-15, Paulo se dirige a nós, gentios, os não-judeus, pra chamar nossa atenção para o fato de que se a rejeição de Israel trouxe bênção pra nós, imagine então quando eles crerem em massa no Evangelho! Se um pequeno número de Israelitas que creram já trouxe o evangelho pra tanta gente, imagine se a nação se convertesse!
O relacionamento de Deus para com Israel é resumido em 11:28-29. Paulo mostra que por não crerem no Evangelho, os judeus são inimigos, e isto por nossa causa, isto é, a rejeição deles abriu a porta da graça pra nós; mas quanto à eleição, eles são amados de Deus por causa dos patriarcas, Abraão, Isaque e Jacó, de quem são descendentes, pois Deus os escolheu, e seu chamado e seus dons são irrevogáveis! Este é um princípio válido para todos nós, ou seja, o chamado e os dons de Deus são irrevogáveis em nossas vidas também.
O capítulo 11 termina com o hino de adoração de Paulo, que não se contém, e exalta a maravilhosa sabedoria do Senhor, que é a fonte, a sustentação e o fim de todas as coisas.
Ler o capítulo 12.

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