domingo, 19 de setembro de 2010

ROMANOS 1 a 2

Estudaremos nas próximas semanas a carta de Paulo aos Romanos. Ela é um resumo do Evangelho e de toda a Bíblia. A carta de Paulo aos Romanos, como um todo, pode ser dividida em duas partes: uma parte doutrinária (capítulos 1 a 11) e outra prática (capítulos 12 a 16). Dentro da parte doutrinária, Paulo desenvolve de forma soberba seu tema de que o justo viverá pela fé, ou seja, aqueles que Deus considera quites com sua justiça, devem viver pela confiança em Cristo, deixando para a parte prática recomendações de santidade.
Vejamos os capítulos 1 e 2, com alguns comentários:
1:1 – Servo de Jesus: escravo. Poucas pessoas entendem hoje o que significa ser um servo ou ministro de Cristo: significa literalmente ser um escravo, à disposição dele para qualquer serviço, em qualquer hora e lugar. É assim que o apóstolo Paulo se vê. E nós?
1:16-17 – este é o tema da carta. Justificação pela fé. “Não me envergonho”: tenho orgulho.
Os versos 19 a 31 do cap. 1 são o resumo da história da humanidade.
21 Nem lhe deram graças. Um dos sintomas do afastamento de Deus é a incapacidade de reconhecer nele a autoria das bênçãos. Tornam-se arrogantes e autônomos. Seu coração se obscurece. 22 Distante de Deus, o homem tem a tendência de se achar sábio, sem perceber sua loucura. 23 Da adoração do Deus eterno, passam a servir a objetos, astros, e até mesmo a répteis, e não se dão conta do ridículo dessa situação. Acham que isso é sabedoria. 24 “Entregou”. Afastou-se. Deixou que os fatos sigam seu curso. C.S.Lewis disse uma vez que “os perdidos gozam para sempre da horrível liberdade que sempre pediram, e portanto estão escravizados por si mesmos”.
26-31 – uma lista de pecados que tornam o ser humano digno de morte, de acordo com a justiça de Deus. Se o critério for a “verdade” de cada um, essas coisas podem ser apenas opções, ou talvez desvios de conduta, mas na verdade de Deus, são pecados.
O capítulo 2 começa declarando que os que se fazem juízes dos outros são tão culpados quanto os que condenam.
O verso 4 contem uma importante verdade, a de que nosso arrependimento é produzido pela bondade de Deus.
No capítulo 2, dos versos 6 até o 29, Paulo discorre sobre a justiça de Deus e seus critérios pra julgar os homens. Deus irá julgar segundo a verdade (2), segundo os atos (6-11) e segundo o nível de revelação de Deus (12-15). Ele já havia deixado claro que Deus se revela aos homens pela natureza (1:20), pela Lei – ou seja, por sua Palavra (2:18) e pela consciência (2:14-15). No final de tudo, porém, o critério de justiça de Deus não é nada menos que Jesus Cristo (2:16).
O argumento de Paulo é que toda a humanidade é controlada pelo pecado, e se alguém tiver que ser salvo, será pela misericórdia de Deus, que proveu o Salvador.

ROMANOS 3 a 5
Vimos como Paulo mostra que Deus se revela a toda a humanidade, e que nenhum ser humano escapa dos critérios de justiça de Deus. Nem os pecadores, nem os que se julgam santos. A Lei nivela a todos, obedientes e desobedientes, como pecadores, que só podem ser justificados pela iniciativa do Deus que é justo, e bom. O apóstolo introduz isto logo no início, no capítulo 1, versos 16 e 17: Deus tem poder pra salvar com justiça àqueles que crêem.
Todos são pecadores, ninguém é justo (3:10-12)
A lei não justifica ninguém, ela só mostra o quão pecadores somos, e o quanto necessitamos de um Salvador (3:20-24). Interessante observar que a Lei transforma o pecado em transgressão (4:15). Ou seja, antes da Lei, havia pecado, mas quando Deus diz “não farás”, quem faz, além de pecar, está transgredindo, quebrando um mandamento, desrespeitando um limite.
3:28 – aqui Paulo afirma que o homem é justificado pela fé, não pela obediência à Lei, e passa a desenvolver este argumento. Veremos isto com mais profundidade mais à frente.
Precisamos agora entender algumas palavras teológicas que aparecem em Romanos:
3:24 – justificação: no sentido negativo significa que alguém não é culpado, e no sentido positivo Deus o declara justo, e isto é creditado (palavra que aparece várias vezes na epístola) a nós por causa de Cristo, o inocente que morreu pelo pecador. Deus considerou Cristo culpado na cruz, creditando a ele nosso pecado, e hoje nos considera justos, creditando a nós sua santidade.
Redenção: resgate de escravos. Significa que alguém vai ao mercado de escravos, compra um escravo e lhe dá a liberdade. Jesus pagou o resgate por nossas vidas com a única moeda que poderia comprar nossa liberdade: o sangue de um inocente!
3:25 – propiciação. Um sacrifício que aplaca a ira justa de Deus. No velho testamento, animais eram mortos para aplacar a ira de Deus, e evitar que os homens morressem. Mas esses sacrifícios eram apenas símbolos do verdadeiro sacrifício que ainda viria (e hoje já veio!), que era o do Cordeiro de Deus, Jesus. Quando Jesus morreu, Deus mesmo estava fazendo um sacrifício, não de um animal, mas de seu próprio Filho, para que fôssemos perdoados.
O caso de Abraão, apresentado no capítulo 4, é um exemplo de como Deus justifica pela fé, pois Abraão foi considerado justo antes da circuncisão, e da Lei, por causa de sua fé, como mostram os versículos 9 a 12.
O Deus da ressurreição: precisamos fazer um parêntese para apreciar a beleza e o impacto do verso 17 do capítulo 4!
Cap. 5 – 1 a 11: nossa história. Como Deus nos amou, hoje temos paz com Ele, e podemos nos alegrar, nos gloriar nas tribulações; não por causa delas (isto seria masoquismo), mas nelas, porque entendemos que Deus está trabalhando a nosso favor em tudo. Nós não vivemos um otimismo barato que decepciona, mas uma esperança bem fundamentada em nossa fé no amor do nosso Deus.
Aqui tem outra palavra importante: reconciliação. Antes éramos inimigos de Deus, agora somos amigos!
5:12 a 21: contraste entre Adão e Cristo, resumidos nos versos 12 e 18. Adão pecou e nos legou o pecado e a morte, Cristo nos justificou e trouxe vida a todos os homens (os que crêem, óbvio).
O capítulo 5 termina, com os versos 20 e 21, enfatizando que não importa quão abundante seja nosso pecado, a graça (favor imerecido, Deus nos dando o que não merecemos) é ainda mais abundante. Com isto, Paulo prepara o terreno para o que veremos a seguir.
Pr.Onésimo Ferraz

Nenhum comentário:

Postar um comentário