terça-feira, 19 de outubro de 2010

Rm 12:3-8

Domingo passado estudamos os dois primeiros versículos de Romanos 12. Hoje daremos sequência neste maravilhoso capítulo.
A partir do verso 3, Paulo introduz o ensino do Corpo de Cristo. Aprendemos nos versos 3 a 8 muitas verdades preciosas:
Deus deseja que tenhamos uma auto-imagem equilibrada. Geralmente as pessoas ou se acham mais importantes do que realmente são, ou então não conseguem perceber sua verdadeira importância, vivem se diminuindo. Preciso entender que não sou o centro do universo, não sou o maior, não sou o melhor, não sou a última coca-cola do deserto! Quando pensamos assim, abrimos espaço pra toda sorte de conflitos no meio da igreja. Mas também preciso ver que sou único e especial, e fundamental para os planos de Deus! Paulo ensina que devemos ter um conceito equilibrado de nós mesmos. Isto só é possível quando nos vemos como Deus nos vê: como parte integrante do corpo de Cristo.
De acordo com a graça, temos diferentes dons. Já ensinamos em outra ocasião sobre os dons, e este assunto é matéria no Caminho da Liderança, portanto não vamos entrar em detalhes quanto aos dons. Mas vamos destacar que Paulo ensina a necessidade de exercermos nossos dons com intensidade e dedicação. Em outras palavras, não pode haver omissão ou relaxamento quanto a isto; o que Deus nos habilitou para fazer, deve ser feito da melhor maneira possível!
Verdades sobre o corpo de Cristo:
Todos somos membros.

Estamos ligados à cabeça e uns aos outros. A cabeça coordena a todos.

Todos são importantes – até as unhas, os cílios, glândulas lacrimais, as orelhas...

Há membros mais bonitos e aparentemente mais importantes, e há outros que nem o corpo sabe que existem, de tão ocultos, mas que são igualmente importantes (pense no labirinto, escondido dentro do ouvido; muitos só descobrem que ele existe quando descobrem que estão com labirintite, e estão com problemas de equilíbrio).

Quando um membro deixa de funcionar, ele sobrecarrega a outros, e prejudica o corpo. Exemplos: Você já quebrou um dedo mínimo? O mau funcionamento de um rim provoca sobrecarga e dor no outro; sabia que os surdos têm dificuldade de memória?

Na vida da igreja:

· Uma das pragas da pós-modernidade, a época em que vivemos, é o individualismo. Deus deseja que vivamos ministrando uns aos outros, e juntos ministrando ao mundo, cada um com suas habilidades e possibilidades. NÃO VIVA ISOLADO!

· Todos devem funcionar, cooperando em amor para a edificação do corpo. Sua omissão é a sobrecarga de outro. Ninguém fará tão bem o que era para você fazer!

· Todos são importantes. Se o corpo não te reconhece, talvez nem te vê, a Cabeça sabe que você existe, te ama e reconhece sua importância.

· Não seja independente. Para funcionar bem, você precisa de outros membros.

· Não queira ser o que você não é. Isto só traz frustração. Exemplo: mão esquerda querendo atuar como mão direita.

· Todos têm função. Qual é a sua? Deve ser algo que flui naturalmente, que traz edificação para o corpo. Nosso problema é estarmos por demais acostumados com os “ministérios” e cargos da instituição, e por isto só querermos atuar em funções oficiais e reconhecidas. “Se eu não puder pegar um microfone, então não sou útil na igreja... não há espaço para meu ministério...” O grande problema por trás disto: dicotomia entre clero e leigos, e entre secular e sagrado. Não existem superstars no corpo. Existem sacerdotes.

· Qualquer que seja o seu lugar no corpo, foi Deus quem o pôs aí, e te capacitou para atuar em prol do corpo. Antes de você nascer, Deus já o conhecia e tinha um lugar para você atuar (Jr 1:5). Toda a sua história de vida, suas experiências, formação, gostos, habilidades, talentos, conhecimento e capacitações sobrenaturais, e até mesmo suas experiências negativas e sofrimento contribuem para o propósito de Deus em sua vida. Biblicamente, toda habilidade positiva humana vem de Deus, é santa e deve ser usada para sua glória (veja o famoso caso de Êxodo 35:30-35). Não servimos a Deus e aos irmãos só com os dons espirituais.



Para terminar, o verso 8 diz “que o faça com alegria”. A versão The Message diz “mantenha um sorriso no rosto”. Como é importante que tenhamos alegria no que fazemos pra Deus! Que decidamos nos alegrar pelo privilégio que é poder ser útil em suas mãos, e não transformar o ministério em um peso, uma coisa que fazemos gemendo, murmurando...



Que possamos hoje agradecer a Deus por nos dar um lugar no corpo, e renovar nosso compromisso de servi-lo, e servir uns aos outros, com a graça que nos é dada!

Prs.Onésimo Ferraz e Renner Fidelis

ROMANOS 12:1-2

Chegamos à parte prática da carta de Paulo aos Romanos. O capítulo 12, que veremos hoje, é uma lista de orientações práticas para a vida cristã. Ou seja, coisas que devemos fazer no dia-a-dia.
v.1 – portanto – esta simples conjunção faz a ligação da orientação que virá com aquilo que Paulo acaba de dizer. Rogo-lhes pelas misericórdias de Deus – que misericórdias? Aquelas descritas em 11:30-32, e em toda a carta. Tudo que Deus tem feito por nós. Portanto, por causa destas misericórdias, por causa do amor imenso do Senhor, é que devemos fazer o que virá a seguir.
v.1-2 – uma boa estratégia para entender melhor estes dois versículos famosos, é lê-los de forma invertida, assim: para que vocês experimentem a boa, perfeita e agradável vontade de Deus, não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, o que só é possível se vocês se oferecerem a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável, que é o seu culto racional.
A vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. Que coisa maravilhosa! E como temos dificuldade pra crer nisto... vivemos em um mundo onde não existe nada assim, com estas três características. Se um vendedor batesse à nossa porta e nos oferecesse um produto que é bom, perfeito e agradável, nós daríamos uma bela risada e perguntaríamos qual é o truque! E como é comum que os crentes tenham medo de se entregarem completamente à vontade de Deus! É como se em nosso inconsciente coletivo, a vontade de Deus na verdade fosse má, imperfeita e desagradável! Ou, na melhor das hipóteses, achamos que a nossa própria vontade é melhor que a dele... precisamos tomar a decisão de nos arrepender disto, e ter coragem de crer que o Senhor é bom, e que sua vontade é boa, perfeita e agradável. O Novo Testamento Judaico traduz agradável como “fadado ao êxito”.
Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente. Podemos inferir desta ordem do Senhor que existem dois tipos de crentes: os que tomaram a forma do padrão deste mundo, e os que estão se transformando. Quanta coisa precisamos aprender do Senhor aqui!
Primeiro, precisamos entender que o padrão deste mundo está em conflito direto com o Senhor. Amoldar-se ao padrão deste mundo é tornar-se algo que Deus odeia. É amar o inimigo de Deus (Tg 4:4). É acolher os valores e princípios que regem nossa geração, que são contrários aos valores de Deus. É achar normal o que Deus chama de abominação, e não dar valor ao que Deus diz que é importante.
Segundo, para não deixar o mundo nos moldar (colocar em um molde, pra dar a forma desejada), precisamos então nos transformar. A palavra traduzida por transformação, aqui, é a mesma usada em Mt 17:2, na transfiguração de Jesus; é a glória de Deus transformando o homem. A idéia de transformar, no original, é na verdade “sejam transformados”. Isto significa que devemos nos deixar transformar pelo Senhor. Como? Renovando nossa mente. A chave é a sua maneira de pensar. São os seus valores e idéias. São os seus pensamentos. Então, você precisa decidir o que vai moldar sua mente, o que vai fazer sua cabeça: as idéias e valores do mundo, ou as idéias de Deus, que estão em sua Palavra.
A dificuldade em renovar nossa mente é que passamos muito tempo, em alguns casos décadas, aprendendo a pensar como o mundo pensa. Somos como um computador que foi programado com um monte de programas errados, e que agora precisa ser reprogramado. E como não dá pra formatar, apagar tudo de uma vez e substituir de uma vez todos os programas – Deus é bom, ele sabe que não suportaríamos isto – então precisamos entrar em um processo de transformação que vai durar a vida toda, e que é uma cooperação entre o homem e Deus. Deus entra com a nova maneira de pensar, e o homem entra com a disposição de aprender, de se deixar mudar. Logo após o novo nascimento, percebemos que muitas coisas que pensamos estão erradas. Descobrimos que vamos ter que rever muita coisa que até então era normal. E é aí que começa o processo de transformação. Qual é novo “programa” que devemos colocar em nosso “computador”? A Palavra de Deus. É por isso que precisamos ler, ouvir, estudar, meditar, decorar a Palavra. Para que sejamos transformados. A velocidade e a profundidade dessa transformação depende da resposta da pessoa ao agir do Espírito Santo, de sua intensidade e desejo de ser transformado.
Sacrifício vivo, santo e agradável – é muito mais fácil amoldar aos padrões do mundo do que ser transformado. Isso porque o mundo está nos rodeando o tempo todo, através da mídia, das conversas, do que vemos e ouvimos em todo lugar. Já os valores de Deus precisam ser captados em sua presença e sua Palavra. E embora seja o Senhor quem nos transforma, precisamos decidir e cooperar com Ele. Este processo de transformação é geralmente chamado de santificação. E por não ser nada fácil, é chamado de sacrifício! Se quisermos realmente oferecer um culto que agrade a Deus, precisamos ser o sacrifício. Um sacrifício que se oferece por vontade própria. Que a cada dia morre um pouquinho pra si mesmo, por amor ao Senhor. Nossa mente não vai aceitar assim tão fácil ser transformada; é preciso entregá-la a Deus em sacrifício!
Vamos terminar estes comentários lendo Rm 12:1-2 na versão The Message (A Mensagem, ainda não traduzida em português):
Então aqui está o que eu quero que vocês façam, com a ajuda de Deus. Peguem o seu dia-a-dia, sua vida normal – seu sono, sua alimentação, seu trabalho e lazer – e coloquem diante de Deus como uma oferta. Abraçar o que Deus faz por vocês é a melhor coisa que vocês podem fazer por ele. Não fiquem tão bem ajustados à sua cultura a ponto de caber nela sem sequer pensar. Ao invés disso, coloquem sua atenção em Deus. Vocês serão mudados de dentro pra fora. Prontamente reconheçam o que Ele quer de vocês, e respondam rapidamente a isto. Ao contrário da cultura ao seu redor, sempre puxando vocês para o seu nível de imaturidade, Deus traz à tona o melhor de vocês, desenvolve uma bem formada maturidade em vocês.
Quantos de nós realmente desejamos ser transformados, para conhecer a vontade de Deus? Então, precisamos decidir nos oferecer completamente a Ele, como sacrifícios vivos, santos e agradáveis, para que Ele possa nos transformar.

ROMANOS 9 A 11

Este é um dos trechos mais complexos de toda a Bíblia.
O capítulo 9, se mal interpretado, se lido superficialmente, e tirado de seu contexto, pode levar alguém a acreditar que Deus arbitrariamente escolhe alguns pra serem salvos e outros para se perderem.
Paulo começa dizendo que se fosse possível, ele até abriria mão de sua salvação para salvar o povo de Israel. Somente ele e Moisés expressam este tipo de amor a seu povo em toda a Bíblia, além de Cristo, é claro (Ex 32:32). Mas Paulo mostra afinal que Israel perdeu o propósito de Deus porque rejeitou o Messias, Cristo, e confiou em suas obras, na prática da lei, para serem aceitos por Deus (9:30-33). Este é o tema da carta, a justificação pela fé versus a justiça da lei. Portanto, fica claro que, embora Deus faça escolhas em seus propósitos para com a humanidade (por exemplo, Ele escolheu Israel como seu povo no AT) porque Ele é soberano, e não tem que explicar nada a ninguém, mas também fica claro que as escolhas de cada indivíduo, e de cada nação, é que determinam de fato seu relacionamento com o Senhor (10:3).
Uma coisa precisa ficar claro: Paulo demonstra em Romanos que toda a humanidade (judeus e gentios) é pecadora, e portanto, merecedora da ira de Deus. Ao mostrar misericórdia a alguém, Deus está dando algo não merecido, e isto é prerrogativa dele. Não mostrar misericórdia a alguém é simplesmente deixar este alguém em sua condição natural, não é injustiça da parte de Deus.
No capítulo 10:1-2, Paulo mostra como orava e desejava a salvação de seu povo, que tinha zelo por Deus, mas de forma errada. Ora, o próprio Paulo no passado fora assim, zeloso da maneira errada. Esta é uma lição importante pra nós, que pertencemos a um povo que também é bastante religioso, zeloso das coisas espirituais, mas de formas tão erradas! Será que amamos e oramos por nossa nação como Paulo fazia pela sua?
No capítulo 10, versos 9 e 10 encontramos a fórmula da salvação: crer e confessar o Cristo ressuscitado como Senhor!
Os belos versos 14 e 15 enfatizam a necessidade de pregarmos o evangelho, de dar a oportunidade a todos para que nele creiam. Entretanto, Paulo alerta para o fato de que nem todos crerão, assim como Israel não creu, e mais uma vez justifica porque eles foram rejeitados por Deus: por causa de sua incredulidade (vs. 16 e 21). Entretanto, o apóstolo deixa claro que nem todos foram rejeitados, apenas os que não creram (11:1-6); e mais, Paulo explica que o fato de os judeus rejeitarem o Evangelho abriu a oportunidade pra nós, gentios, o conhecermos, e mostra que nossa salvação está baseada nas promessas feitas a eles, como se eles fossem a raiz de uma planta, e nós, ramos que foram enxertados (17-24). Esta analogia deixa claro também que nós, os que cremos, se não permanecermos na bondade do Senhor, também seremos cortados, assim como os que foram cortados, se abandonarem a incredulidade, podem ser enxertados novamente. Mais uma vez se confirma que a escolha do homem é que determina seu destino, já que o propósito de Deus pra todos é o que está em 11:32. Em Atos vemos como Paulo começou seu ministério priorizando os judeus, mas estes, de modo geral, rejeitaram o Evangelho. Então o apóstolo voltou-se para os gentios (At 18:6 / 28:28).
É interessante observar que em 11:12-15, Paulo se dirige a nós, gentios, os não-judeus, pra chamar nossa atenção para o fato de que se a rejeição de Israel trouxe bênção pra nós, imagine então quando eles crerem em massa no Evangelho! Se um pequeno número de Israelitas que creram já trouxe o evangelho pra tanta gente, imagine se a nação se convertesse!
O relacionamento de Deus para com Israel é resumido em 11:28-29. Paulo mostra que por não crerem no Evangelho, os judeus são inimigos, e isto por nossa causa, isto é, a rejeição deles abriu a porta da graça pra nós; mas quanto à eleição, eles são amados de Deus por causa dos patriarcas, Abraão, Isaque e Jacó, de quem são descendentes, pois Deus os escolheu, e seu chamado e seus dons são irrevogáveis! Este é um princípio válido para todos nós, ou seja, o chamado e os dons de Deus são irrevogáveis em nossas vidas também.
O capítulo 11 termina com o hino de adoração de Paulo, que não se contém, e exalta a maravilhosa sabedoria do Senhor, que é a fonte, a sustentação e o fim de todas as coisas.
Ler o capítulo 12.