terça-feira, 19 de outubro de 2010

ROMANOS 12:1-2

Chegamos à parte prática da carta de Paulo aos Romanos. O capítulo 12, que veremos hoje, é uma lista de orientações práticas para a vida cristã. Ou seja, coisas que devemos fazer no dia-a-dia.
v.1 – portanto – esta simples conjunção faz a ligação da orientação que virá com aquilo que Paulo acaba de dizer. Rogo-lhes pelas misericórdias de Deus – que misericórdias? Aquelas descritas em 11:30-32, e em toda a carta. Tudo que Deus tem feito por nós. Portanto, por causa destas misericórdias, por causa do amor imenso do Senhor, é que devemos fazer o que virá a seguir.
v.1-2 – uma boa estratégia para entender melhor estes dois versículos famosos, é lê-los de forma invertida, assim: para que vocês experimentem a boa, perfeita e agradável vontade de Deus, não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, o que só é possível se vocês se oferecerem a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável, que é o seu culto racional.
A vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. Que coisa maravilhosa! E como temos dificuldade pra crer nisto... vivemos em um mundo onde não existe nada assim, com estas três características. Se um vendedor batesse à nossa porta e nos oferecesse um produto que é bom, perfeito e agradável, nós daríamos uma bela risada e perguntaríamos qual é o truque! E como é comum que os crentes tenham medo de se entregarem completamente à vontade de Deus! É como se em nosso inconsciente coletivo, a vontade de Deus na verdade fosse má, imperfeita e desagradável! Ou, na melhor das hipóteses, achamos que a nossa própria vontade é melhor que a dele... precisamos tomar a decisão de nos arrepender disto, e ter coragem de crer que o Senhor é bom, e que sua vontade é boa, perfeita e agradável. O Novo Testamento Judaico traduz agradável como “fadado ao êxito”.
Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente. Podemos inferir desta ordem do Senhor que existem dois tipos de crentes: os que tomaram a forma do padrão deste mundo, e os que estão se transformando. Quanta coisa precisamos aprender do Senhor aqui!
Primeiro, precisamos entender que o padrão deste mundo está em conflito direto com o Senhor. Amoldar-se ao padrão deste mundo é tornar-se algo que Deus odeia. É amar o inimigo de Deus (Tg 4:4). É acolher os valores e princípios que regem nossa geração, que são contrários aos valores de Deus. É achar normal o que Deus chama de abominação, e não dar valor ao que Deus diz que é importante.
Segundo, para não deixar o mundo nos moldar (colocar em um molde, pra dar a forma desejada), precisamos então nos transformar. A palavra traduzida por transformação, aqui, é a mesma usada em Mt 17:2, na transfiguração de Jesus; é a glória de Deus transformando o homem. A idéia de transformar, no original, é na verdade “sejam transformados”. Isto significa que devemos nos deixar transformar pelo Senhor. Como? Renovando nossa mente. A chave é a sua maneira de pensar. São os seus valores e idéias. São os seus pensamentos. Então, você precisa decidir o que vai moldar sua mente, o que vai fazer sua cabeça: as idéias e valores do mundo, ou as idéias de Deus, que estão em sua Palavra.
A dificuldade em renovar nossa mente é que passamos muito tempo, em alguns casos décadas, aprendendo a pensar como o mundo pensa. Somos como um computador que foi programado com um monte de programas errados, e que agora precisa ser reprogramado. E como não dá pra formatar, apagar tudo de uma vez e substituir de uma vez todos os programas – Deus é bom, ele sabe que não suportaríamos isto – então precisamos entrar em um processo de transformação que vai durar a vida toda, e que é uma cooperação entre o homem e Deus. Deus entra com a nova maneira de pensar, e o homem entra com a disposição de aprender, de se deixar mudar. Logo após o novo nascimento, percebemos que muitas coisas que pensamos estão erradas. Descobrimos que vamos ter que rever muita coisa que até então era normal. E é aí que começa o processo de transformação. Qual é novo “programa” que devemos colocar em nosso “computador”? A Palavra de Deus. É por isso que precisamos ler, ouvir, estudar, meditar, decorar a Palavra. Para que sejamos transformados. A velocidade e a profundidade dessa transformação depende da resposta da pessoa ao agir do Espírito Santo, de sua intensidade e desejo de ser transformado.
Sacrifício vivo, santo e agradável – é muito mais fácil amoldar aos padrões do mundo do que ser transformado. Isso porque o mundo está nos rodeando o tempo todo, através da mídia, das conversas, do que vemos e ouvimos em todo lugar. Já os valores de Deus precisam ser captados em sua presença e sua Palavra. E embora seja o Senhor quem nos transforma, precisamos decidir e cooperar com Ele. Este processo de transformação é geralmente chamado de santificação. E por não ser nada fácil, é chamado de sacrifício! Se quisermos realmente oferecer um culto que agrade a Deus, precisamos ser o sacrifício. Um sacrifício que se oferece por vontade própria. Que a cada dia morre um pouquinho pra si mesmo, por amor ao Senhor. Nossa mente não vai aceitar assim tão fácil ser transformada; é preciso entregá-la a Deus em sacrifício!
Vamos terminar estes comentários lendo Rm 12:1-2 na versão The Message (A Mensagem, ainda não traduzida em português):
Então aqui está o que eu quero que vocês façam, com a ajuda de Deus. Peguem o seu dia-a-dia, sua vida normal – seu sono, sua alimentação, seu trabalho e lazer – e coloquem diante de Deus como uma oferta. Abraçar o que Deus faz por vocês é a melhor coisa que vocês podem fazer por ele. Não fiquem tão bem ajustados à sua cultura a ponto de caber nela sem sequer pensar. Ao invés disso, coloquem sua atenção em Deus. Vocês serão mudados de dentro pra fora. Prontamente reconheçam o que Ele quer de vocês, e respondam rapidamente a isto. Ao contrário da cultura ao seu redor, sempre puxando vocês para o seu nível de imaturidade, Deus traz à tona o melhor de vocês, desenvolve uma bem formada maturidade em vocês.
Quantos de nós realmente desejamos ser transformados, para conhecer a vontade de Deus? Então, precisamos decidir nos oferecer completamente a Ele, como sacrifícios vivos, santos e agradáveis, para que Ele possa nos transformar.

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