segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ROMANOS 16

Neste capítulo final, os leitores desatentos enxergam apenas um monte de recados de Paulo a pessoas de nomes esquisitos. Mas o que vemos aqui é um retrato do que era a igreja em seu início, com sua vida e seus problemas. Vamos dividir o assunto em dois: conexões e divisões.
Conexões
A igreja começou em uma casa. Ela se desenvolveu nas casas durante séculos. Foi somente após a oficialização do cristianismo pelo império romano que os cristãos passaram a construir templos, e o cristianismo deixou de ser um caminho, um estilo de vida de relacionamento com Jesus e com os irmãos na fé, para se tornar uma religião baseada na freqüência a eventos dentro dos templos.
No início, então, quando não havia templos, bandas, programas de TV, pastores-celebridades e eventos gospel, e quando ser cristão significava tornar-se a escória da sociedade, o que contava eram os relacionamentos. As conexões. Os cristãos viviam um relacionamento com o Espírito Santo, pela fé em Jesus, e se relacionavam intensamente uns com os outros. Viviam conectados. Viviam em comunidade. Hoje, quando a situação se inverteu, em boa parte do mundo, os cristãos transformaram o cristianismo num evento semanal. Já não somos cristãos; ficamos cristãos por duas horas, no domingo, e nos desconectamos de Deus e uns dos outros no resto da semana. Já não sabemos mais viver em comunidade.
Uma comunidade não se cria. A gente descobre uma comunidade, quando olhamos para o que temos em comum, ao invés daquilo que temos de diferente. A comunidade dos cristãos é formada por aqueles que tem Jesus como Senhor de suas vidas.
Em Rm 16, vemos as conexões da igreja nos seguintes aspectos:
1. Igrejas nas casas – aquilo que é um esforço para muitos, hoje, participar de um grupo da igreja nas casas, era a vida natural da igreja no início. Veja o verso 5.

2. Relacionamentos – Paulo cita muitos colaboradores, amigos, irmãos, pessoas que se sacrificaram por ele, gente que trabalhou pelo evangelho, que o ajudou, que o hospedou. Havia uma intensa rede de conexões pessoais. Relacionamentos eram mais importantes que eventos. Uma coisa interessante de se observar aqui é que as primeiras pessoas que Paulo cita eram mulheres. As mulheres tinham um papel muito importante em sua rede de conexões.

3. Serviço e saudações – Paulo demonstra uma ênfase muito grande em que os cristãos sirvam uns aos outros, e saúdem-se com carinho. Veja os versos 12 a 16. Onde há amor verdadeiro, as pessoas tem prazer em servir e em expressar carinho uns pelos outros. Ao mesmo tempo, fazer isto aumenta o amor mútuo.

Em nossa igreja, procuramos priorizar estas conexões. Por isto nos reunimos em células, por isto procuramos ter menos ativismo e mais envolvimento, por isto valorizamos os relacionamentos e o cuidado mútuo. A dificuldade é que lutamos com uma cultura estabelecida na cabeça das pessoas, que resiste aos relacionamentos, que teme a intimidade dos grupos pequenos, que foge do compromisso e da doação, por considerar tudo isto ameaçador e desconfortável. Somos uma geração que prefere o conforto do individualismo, da superficialidade, do egoísmo e da falta de compromisso. Queremos as bênçãos de Deus, mas fugimos da vida em comunidade.
DIVISÕES
Paulo alerta os seus leitores para o perigo das divisões (Vs. 17 a 20). Se você observar bem, esta advertência é um parêntese em sua lista de conexões. No verso 21 ele volta a falar dos relacionamentos. Então vejamos o que Paulo nos fala sobre este perigo.
Divisões são obra de pessoas. Existem “aqueles que causam divisões”. Devemos tomar cuidado com eles, e nos afastar deles. Como reconhecer pessoas que causam divisões?
1. Elas colocam obstáculos ao ensino. O Novo Testamento Judaico diz assim: “tomem cuidado com quem causa divisões e arma laços ao lado do ensino em que vocês foram treinados”. A versão The Message coloca que “eles tiram pedacinhos do ensino que vocês aprenderam e os usam para causar problemas”. Elas não se alinham com o ensino da liderança, e atrapalham os outros tirando coisas do contexto e colocando seu foco nas dificuldades do ensino.

2. Elas estão concentradas em realizar seus próprios desejos, mais do que servir a Cristo, o Senhor. Seu objetivo na igreja é conseguir o que querem, não o que Deus quer.

3. Elas usam palavras suaves e bajulação. São mestres em seduzir os ingênuos. Enganam os outros com suas palavras que parecem boas, mas são mal intencionadas. J. B. Phillips traduz o final do verso 18 assim: “com seus argumentos plausíveis e atraentes, elas enganam aqueles que são ingênuos demais para perceber o que fazem”.

Paulo finaliza sua advertência dizendo que o cristão deve ser sábio para o que é bom, e sem malícia no que é mau. Este é um grande desafio para nós, também, pois vivemos em um mundo cheio de malícia. Facilmente podemos ser o contrário, muito maliciosos e com pouca sabedoria das coisas boas. J. B. Phillips traduz o final do verso 19 assim: “Quero vê-los especialistas no bem e nem mesmo principiantes no mal”.
O apóstolo sabe que por trás de toda divisão e maldade está a ação de satanás. Por isto encerra o assunto, no verso 20, com aquilo que precisamos: vitória sobre o inimigo e a graça do Senhor. O Deus da paz é colocado em contraste com o autor da divisão, da contenda, o qual será esmagado debaixo dos pés da igreja.
A carta aos romanos é finalizada com uma expressão de adoração a Deus. Assim deveríamos encerrar todas as nossas realizações: dando glória ao único Deus!

Pr.Onésimo Ferraz e Renner Fidelis

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